terça-feira, 1 de agosto de 2017

O outro lado da distância


Os músculos se contraem, o coração acelera, a respiração fica ofegante, as pernas bambeiam, os braços ficam firmes para um abraço, os lábios gelados tocam outros lábios, as lágrimas vêm aos olhos, a despedida sai da boca, as lágrimas escorrem pela face.

A despedida não é nada fácil.

Assim que esses sintomas surgem e eu dou as costas para meu amor, indo embora, fecho os olhos com força, respiro fundo e engulo algumas gotas de lágrimas que correm pelo meu rosto. Eu nunca tive emocional para despedidas. Enquanto estou naquele abraço apertado, relembro a primeira vez que nos vimos, nosso primeiro beijo, passeios, declarações. Depois, a janela do ônibus ou do avião é testemunha do meu sofrimento.

A verdade é que toda vez que me despeço, meu coração bate mais devagar, tristonho, com saudades. As fotos no celular e as lembranças de cada detalhe me acompanham todos os dias até a próxima vez que nossos corpos se juntarão. Mas parando para pensar, mesmo com todo o sofrimento, a distância não é tão inimiga assim.

Na primeira vez que me despedi, pensei que as coisas não seriam do mesmo jeito, que o sol não ia brilhar da mesma forma e as estrelas não teriam a mesma magia. Achei que a vida ia destruir meus bons sentimentos e instalar em meu coração uma tristeza devastadora, mas não foi assim.

Foi na distância que eu notei que o brilho do sol continua o mesmo, mas com você ele fica especial. Que as estrelas têm a mesma magia, mas ao seu lado meu fascínio por elas é maior. Que a vida me trouxe sim a tristeza, mas, ao mesmo tempo, ela me fez enxergar o quanto estar ao seu lado é importante. Foi conversando por redes sociais, há centenas de quilômetros, que eu descobri que minha vida só faz sentindo se tiver você. E que a distância é apenas um detalhe para o amor.

Às vezes e para algumas pessoas a distância serve para enxergarmos o que não enxergamos pessoalmente e para dar valor àqueles que amamos e sentimos tanta falta.

Para mim, a distância é só mais uma batalha a ser vencida para te amar.


Um texto do jovem escritor pernambucano Matheus José

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